terça-feira, 27 de abril de 2010

CURA (um fragmento de uma memória qualquer)



a S.M.N.T. (e a mim mesma)
 
Ninguém leva a sério as palavras finais até elas deixarem de ser palavras e virarem outra realidade, virarem qualquer coisa que anteriormente já indicavam...

(...)

Daquela dor que havia antes em mim, daquele recortar contínuo de tudo o que tinha de bom, não sinto falta... pois não tinha consciência e vivência suficiente do processo de usurpação da minha alma, da tentativa de impotencializar-me, (...) hoje criei meus próprios processos multilatórios e regenerativos, sem precisar que alguém me roube o meu melhor e o meu pior para me fazer doer. Entendo também que doer faz sentido e possui um valor integrante, valor de contraponto, valor fundamental. Se ontem estirpavam de mim coisas sem me transformar em algo novo, hoje me despedaço propositalmente para entender o que sou e para viver – mesmo sabendo que o entendimento não é um fim – na verdade o entendimento nem é tanto assim...

"Só nos curamos de um sofrimento depois de o haver suportado até ao fim." (Marcel Proust)

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