segunda-feira, 8 de março de 2010

fragmentos de definição (nada definido!)



(...) não sou uma pedra, uma porta ou um pedaço de carne. E teimo em facear tudo aquilo que dizima os bons costumes. Ou me guardo de mim nos contatos insanos, noturnais sensações na noite escondidos, ou me guardo do mundo, sem conseguir me despir da noite. Porque esta está em mim, nasceu comigo... sou isso que sou, noite. Notívaga. O resto é adereço.
(...)
Toque-me apenas com mãos firmes, jamais bruscas. Pois por mais que a singeleza seja uma marca de meus gestos, posso atrever-me a provar aquilo que de mais escuro guardas – e te farei provar também. E não lamentarei se por esta razão te fizer sangrar, mesmo que sangre junto consigo.
(...)
Como o chá de jasmim que a boca inteira consome, consumo com a boca (e com olhos) os mais ligeiros gostos, densidade encarnada: palavras. Consumo palavras de todos os tipos – delicio-me com a arte que deflora a folha branca – aquela, que me encarava há segundos atrás. Com essa coisa bandida que nos rouba o sossego – palavra! -  danço entre os versos que repudias: “Sem métrica”, “sem ritmo”, “sem sentido” – “não pode ser isso poesia”! - Oh, petulância piogênica! Meus versos são livres e sem controle, vividos e sentidos tal como se vive uma obsessão! Os teus, prosódia insípida, nada dizem.
Cansei de ser prosaica (no sentido negativo da coisa), e nunca fui! Cansei de ter linhas sinuosas e temerárias, e nunca tive! Falo a ti sem entrelinhas, e somente nelas. Estes lampejos rápidos das coisas que sinto, registro aqui para que um dia tudo isso viva em alguém – e sou uma eterna condenada pela interpretação alheia – ou o mau uso dela mesma. Mesmo assim, acho valer a pena perturbar teu dia com fragmentos (pedaços) disso que sou:

(...)
ferve teu sangue
na boca que arde
te mata em sentidos
a pele e a mente
caem longe de ti
e te foge a palavra
(esta que roubo)
te condena a firmeza
e nada mais és,
exaustão entregue
sem mais máscaras (...)
(...) 

Não tenho mais esta preocupação de ser aceita aqui (ou em qualquer lugar). Quero apenas ser a experiência que teus olhos guardam, mesmo que isso que sou (palavras e mais palavras – expurgadas!), não te leve a lugar nenhum. Só existem estes minutos passantes, perdidos ou não – com o resto, nada tenho a ver – é coisa da tua cabeça...

5 comentários:

  1. O que transmitimos em qualquer forma de arte é uma dança insana entre a nossa alma e a nossa mente. A opinião negativa nada mais é do que apenas uma cansada tentativa de sobrepor as falhas que se tem sobre a luz de outros e isso não é plausível. Construir, melhorar, engrandecer é o verdadeiro caminho!!!
    Verte as tuas palavras quantas vezes o teu íntimo precisar porque tu és o que és e o que és tem muito de beleza e eloquência:)
    Gostei do texto e da corajosa fragrância de lutares por ti ^-^
    Bjs

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  2. um lugar obrigatório!!


    abraço terno!

    heduardo

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  3. Jorge,
    na revolta a gente se envolve ainda mais com o que somos - fica uma imagem cheia de movimentos agressivos, numa auto-defesa. Uma versão expandida demasiadamente, que fala de mim ou daquela que transpus.
    Não a uma forma certa de nada. Não exigência alguma. Só a minha experiência.

    Obrigadinha por passares aqui, mesmo estando este blog tempestuoso hoje... srsrsrsr

    bjs*
    ___________

    ParadoXos:
    Seja bem-vindo sempre!
    Bjos

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  4. Entendo-te perfeitamente... De vez em quando, quando alguém que não percebe quase nada de Arte nem a tempestade da minha escrita me diz que não me entende e que eu devia escrever assim ou assado eu fico... extremamente aborrecido... No entanto, existem diversas opiniões que aceito e, sinceramente, já descobri que há que sempre melhorar ;) hehehehe
    Oh não importa se aqui está tempestuoso, é sempre agradável ler o que escreves:)))
    bjs:)***

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  5. sim... melhorar sempre podemos... opiniões diversas sempre encontraremos... normal isso...
    mas às vezes tudo cansa...

    tempestades tbm são produtivas! srsrsrs

    bjs
    _________________
    Errata: não há uma forma certa (...)

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