terça-feira, 13 de abril de 2010

Certeza


Conforme passa,
busca a sorte,
a morte retrata
a velha canção
de ferida aberta
de sonhos cítricos
que estouram na língua
ao falar sobre a vida
no último suspiro
que não é relíquia
já que todos vivemos
sem antídoto...
é forte, que me toma
nos braços esquálidos
Segura a morte!
Esta sorte!
O gênio relapso
sem escolher, escolhe
os escravos
a dança
a sentença
as palavras que vagam sem vida
no campo da consciência
da mentira e do sossego
da vida torta
morta...

6 comentários:

  1. --> Durante o século XIX, era comum que as pessoas ao morrer fossem fotografados. Esta atividade se chama Post mortem Photos.
    Isso pode até parece mórbido hoje, mas naquele tempo, isso era um costume natural. Os álbuns dos mortos eram uma espécie de negação da morte ao mesmo tempo em que se tornavam coisas guardadas pela família para lembrar dos entes queridos. Além disso, fotos nesta época eram um grande luxo. A fotografia em si era algo bem caro e funcionava como última homenagem aos falecidos.
    Dada à circunstância de fotografar a pessoa ainda fresca, eram criados verdadeiros cenários elaborados com composições muitas vezes complexas de estúdio para fazer os álbuns dos mortos. Em outros casos, depois de instalado o rigor mortis, era necessário inventar situações complicadas para a foto ficar natural. Isso envolvia colocar calços sob cadeiras e inclinar a maquina para que a cena se ajustasse a posição fixa do cadáver.
    Para essas fotos o importante era fazer parecer que as pessoas estavam dormindo. Com isso, era comum fotos de grupos de mortos e também de pessoas vivas sentados fazendo poses com cadáveres. Grande parte das Fotos de bebês eram coloridas artificialmente para dar um tom de vida ao cadáver infante.
    Esses álbuns de fotos volta e meia acabam indo a leilão e ávidos colecionadores de bizarrices compram por uma nota preta estes álbuns de fotos para completarem suas coleções. Muitas dessas fotos estão à venda em mórbidos leilões no e-bay.
    Há uma súbita tristeza mórbida em muitas dessas fotos, que parecem saídos diretamente dos porta-retratos de casas mal assombradas.

    Fonte: http://jornale.com.br/wicca/?p=1275

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  2. Mórbida, mas fascinante!

    A fotografia post-mortem é interessante, porque vem num momento, em que a manutenção dos momentos dos mortos, é um lugar comum, e uma foto torna-se uma outra maneira de fazer isso.

    Be:)os,
    LUmeNA

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  3. O teu texto é bonito apesar da sua essência ser frágil...
    Desde o primeiro momento que conheci tal tipo de fotografia senti uma grande tristeza porque comecei a me indagar acerca da vivência de quem via, as recordações que tinham deixado... Mesmo as fotografias tiradas a quem estava vivo invocam uma não menor melancolia pois sabemos que aquelas pessoas existiram e que, naquele momento, não era a morte que celebravam...
    Enfim...
    Beijos, linda***

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  4. Jorge,

    pq vc acha que a essência do texto é frágil? Acho que tem uma linearidade textual bem presente, na verdade...

    enfim... esse tipo de foto, acredito, daria um super trabalho antropológico... em nenhuma cultura os indivíduos estão preparados para a morte, por perder alguém. É por isso que a morte ainda é um tabu na nossa sociedade. Mas retratar um ente morto, fazendo-o parecer cotidianos, mesmo tendo a consciência de que não o estão é um custume que diz muito sobre a época e a prática destas pessoas... essa foi a intenção de pôr tal foto sobre meu poema (este que também fala de morte e da situação como um todo)... quis com isso ilustrar a morte sob outras perspectivas...

    Pode ter sido de mal gosto, mas nos impressionamos e queremos ver e experimentar este estranhamento... intigante isso, eu acho...

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  5. Quando eu escrevi "essência frágil" referia-me à tristeza que evocava :p tsss tsss
    Gostei muito dele e este teu texto combina bem com o excerto do romance "Por caminhos arcanos errei" que pus no meu profile... A melancolia, as indagações...
    Por acaso, gosto desse tipo de fotos...
    Beijos***

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