terça-feira, 13 de abril de 2010

(des) palavra


 olho-me e vejo
o pensamento gangrenado
um raio em uma flor anil
a inconstância das nuvens disformes
minha luta cravejada de momentos
como na saliva, a raiva de quem me olha
das podas de tudo, menos do tormento
da falta daquilo que em mim estive a criar


os anos me engoliram, como fez Saturno
e nas suas entranhas, fermentei minha angústia
de ver em mim qualquer coisa
algo que prenda um momento meu
este fragmento que se dissipou
mas que virou uma poça sépia
sempre antiga
uma farsa, uma interpretação...
para eclodir em palavra
pois a palavra, sob o crivo do teu olho
deixa de existir
vira outra...

4 comentários:

  1. ...e eu com essas palavras faria fotos :)
    Beijos!

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  2. As tuas palavras calejam os sentidos com a fragrância de uma virtude apanhada numa noite cansada... Se calhar deixamos a leveza do que é alma porque os espinhos são tantos e as feridas estão abertas sem o cuidado de um sorriso...
    Reflecto-me no que escreveste... A minha tempestade está parada... vertendo, por vezes, belos gritos...
    Texto extasiante:)...
    Beijos, linda*
    Adoro-te*

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  3. amiga vc conta coisas tão fortes que toda vez que venho aqi viajo até as margem do que vai alem...

    bjo menina =)

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  4. Obrigada Crissant e Jorge pelas visitas e comentários!

    Que os texto no blog possam continuar vertendo pensamentos mais abrangentes...

    Se a palavra dói é porque às vezes doemos a palavra em nós, além de outras coisas...

    bjs;-)

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