sábado, 2 de janeiro de 2010

Nudez


Dispa-se de suas roupas,
carapaça pudicícia...
mova de si os pesos dos ombros
a massa sempre estática
afaste a sua sombra alada
renegue rastros e trilhas
afaste-os do alcance de seus próprios olhos...
Extirpe da memória as patéticas lembranças
os dias remotos, inférteis sementes
Afogue os medos em lágrimas
e livre-se destas, definitivamente!
Os objetos todos,
uma vida baseada em coisas,
bens que permanecerão mais que você
inúteis refúgios dos quais não precisa...
Não transmute os sonhos desfeitos!
Desprenda-se da necessidade de sorrir
da necessidade de sempre sentir
da imagem esperada
do molde alheio...
Não necessite!
Não espere!
Desfaça-se das incertezas, e principalmente,
de tudo o que é seguro
Quebre os elos mais fortes...
Sepulte os valores de agora em cova funda
e não tenha mais que julgar nada
Não racionalize tanto e não sinta...
Não decodifique, nem tente entender...
mas saia da dormência
e da trépida existência...

e no limiar dos novos dias
um humano não-liberto ainda fará morada, e sua sombra, apesar do esforço, ainda resiste...

(*ao som de Breathe - The Dark Side of the Moon (part 1) - Pink Floyd)






5 comentários:

  1. Olá, Daisy!Muito obrigado pelo comentário no meu blog. Que bom que gostastes do que escrevo (e como escrevo).Vi que tens um ótimo bom gosto (Clarice, Rilke, Novalis)... espero que possamos trocar ideias por aí!Beijos!

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  2. obrigada pelos comentários (aos dois)...
    espero que os blogs sejam caminhos para experiências extasiantes!

    Bjs

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  3. A libertação geral de dogmas e idolatrias.
    E a liberação dos trapos e farrapos.
    A nudez na condução da ação.

    abraços.

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  4. A nudez de si
    e mesmo da própria nudez
    num romper da "civilização" e de todo o resto...
    o que nos resta, então?

    *obrigada pela visita, Sr. do Vale!
    bjs
    ;-)

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