quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

a brasa e o momento minucioso...


não é soez a carne que a língua toca
a cada investida, um novo sabor se afirma,
cintila na alma que o corpo todo aloca
o pensamento provecto que resgata a intenção
da sede tácita que não mais se estima
de quem não mais sabe dizer não...
e que a si em favor do desejo sufoca...

liquefaço-me em picaresca voluptuosidade
na perspícua unidade da tua entrega
a ti perante, em doma, reafirmo o teu instinto
a parte animal que teu corpo não renega
que entre as mãos prende-me na intermitente insaciabilidade
e com as ofegantes intenções do teu olhar faminto
meu dorso não se retrai, porque minha alma nada te nega...

e nos pungentes momentos em que meu corpo te derrota
tu me devoras mais que qualquer palavra impressa
a breve carne, todavia, antecede o limiar poético:
sem teus lábios em meu peito, o verso não regressa
sem o momento vivido, todo sentido se esgota
sem teus gemidos, o poema é mero adorno imagético
mas é na eternidade da escrita que a lascívia se confessa...


* Não me pergunte a autoria da foto... não sei...

6 comentários:

  1. "mas é na eternidade da escrita que a lascívia se confessa..." - e não é que é mesmo assim!

    Sabes, fascina-me o domínio da língua Portuguesa do qual és capaz.
    Concedes uma beleza iterminável ao pensamento.
    Parabéns.

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  2. Obrigada, Aesis!
    __________________

    Esse ficou meio "old school"... capaz de poucos entenderem...

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  3. Pouco interessa se muitos ou poucos conseguem realmente entender. A poesia nunca reclamou entendimento. Esse dom de liberdade pertence-lhe.

    Importa portanto que quem leia sinta segundo a sua própria interpretação.
    Curioso é o facto da poesia não ser leitura para qualquer um, ainda assim, é o género de literatura mais lido no mundo inteiro.

    Uma pergunta: porque o afirmas "old school"?

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  4. Disse ser "old school", pois não possui um formato textual muito moderno...

    Verdade... você está certo... a poesia é minha e de quem a lê... o resto, se entenderem ou não, de nada importa...

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  5. Obrigada, Fumaça! Vou dar uma visitadinha no seu espaço em breve!

    Bjão

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