terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Alexander McQueen (inspiração) - I LOVE THE DARK SIDE...


“People ignore the ugly things in life but within this they are missing the beauty that lies under the rotten fruit.” – Alexander McQueen

*paz e luz onde quer que vc esteja...




Vou abrir um espaço aqui entre meus textos para expressar minha indignação contra a estupidez humana! Como muitos devem saber, na última quinta-feira, faleceu em Londres o estilista fantástico Alexander McQueen. A causa da morte, conforme divulgado amplamente pela mídia internacional, fora suicídio. Poderia ter sido qualquer outra causa, mas McQueen se suicidou...

Compreendendo que o estilista tirou sua própria vida - sua PRÓPRIA vida, não a de mais ninguém - não abro este espaço para julgá-lo (jamais o faria e, na minha opinião, não há sentido nisso), e não permitirei que outros o façam... nem se trata, todavia, de se fazer apologia ao suicídio...

Mas o motivo deste post, como disse é outro... a maioria é quase sempre burra! O espaço de Lilian Pacce - o MSN Moda, que por acaso sou fã e leitora regular, uma vez que trata a moda com o devido respeito, não como um mero adorno humano, mas como linguagem e expressão artística - fez uma retrospectiva sobre carreira de McQueen. No final do post, como sempre acontece, abre-se um espaço para comentários, no caso, homenagens ao estilista morto. O que mais me impressionou - e por mais aguçado que seja meu lado misantropo, ainda me impressiono - foi a quantidade de gente arrotando falsa moral para justificar o suicídio de McQueen como "uma falta de Deus" ou como se o mesmo tivesse sucumbido ao "dinheiro e ao poder"...

O problema maior se torna quando se diz que sua obra era "demoníaca":
"Coitado!!! Que desfile sombrio, que sapatos diabólicos! que maquiagem feia e sangrenta, que cabelos, puxando p/ chifres!!! É o reflexo da sua alma! Infelizmente ele só poderia acabar assim! Agora ele estará junto de todos estes espíritos malígnos, q. colocaram na cabeça dele, q. se ele se matasse ele reencontraria a sua mãe! (...)"... Pode? Pessoas que não entendem a lógica da moda, da arte em geral, usam seus preceitos religiosos para condenar um trabalho de que nem têm ideia do que se trata... julgam o trabalho pela causa da morte... Juro que eu me revoltei... ainda me revolto com isso...



A estupidez humana não tem limites... e nem digo isso para ofender religião alguma (
que isso fique claro)... mas sempre quando alguém morre por suicídio (ou de outra causa tabu) chega uma dúzia de urubus para condenar e desmerecer o trabalho de uma vida inteira... inveja? Intolerância? Falta de noção? Todos estes parecem ter total conhecimento sobre a vida do indivíduo-McQueen, mais que o próprio talvez... todos estes julgam o mundo pelo próprio umbigo, sem penetrar jamais nos seus próprios lados mais escuros, o mais sombrio da natureza humana (e que é inerente a todos nós...)

McQueen buscava inspiração no não-óbvio e fazer arte é isso: sair da zona de conforto, colocar o dedo nas próprias feridas, buscar beleza no que muitos consideram podridão, doença... no "lado negro da força". E isso pode doer... e isso pode matar... mais que o suicídio...

Me identifico muito com este movimento, com esta busca pelo não-óbvio - como todos que acompanham este blog já sabem... quando buscamos inspiração nos nossos fragmentos mais profundos e mais sombrios, não nos tornamos cruéis ou "demoníacos" por isso...



Chego à conclusão de que ainda vivemos num mundo anos-luz da compreensão de si e do alheio... num mundo de gente vazia e cega que se acha melhor do que todos aqueles que são diferentes de si, mas que, mesmo assim, acha que ganhará um passe-livre para o reino dos céus...

Não cabe a ninguém julgar... a beleza existe em dimensões múltiplas, como tudo no mundo...

**para acessar o site LP - MSN Moda e seus comentários:

http://msn.lilianpacce.com.br/home/alexander-mcqueen-retrospectiva-homenagem/


2 comentários:

  1. Pois é... e o mais curioso é que, ao que parece, nós representamos a civilização mais evoluída e racional da historia da humanidade.

    Uau, quem diría!


    Fico aqui a matutar sobre o que pensarão de nós as futuras civilizações, digo, daqui a um milhão de anos, por exemplo.
    Vestígios nossos não lhes faltarão, indubitavelmente.



    Boa tarde Daisy.
    Tomei a liberdade de passear nesta tua "câmara-escura" e apraz-me confessar-te surpreendentemente agradado. Principalmente pela revelada extrema proximidade.
    Momentos tive em que já não sabia se estava aqui ou se no meu próprio blogue.

    Bem hajas.
    Até já.

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  2. Fico a pensar, não sobre o que pensarão de nós as futuras gerações, mas se as futuras gerações de fato "pensarão" ou continuaram cegas, surdas e mudas à sombra do juízo de valor e da decadência moral...

    Aesis: amei seu blog e, de fato, a proximidade existe... espero acolhê-lo sempre entre minhas palavras e ser alcançada pelas suas...

    Bjs

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