(...) Fui tratada como alguém de fora que veio só para servir... e apesar de ser ainda maior que esses anos de solidão, sou tida como essa peça distorcida do quebra-cabeça alheio... a metade incabível do que os outros renegam em si e que em mim refletem – e nada tenho com isso – apenas brigam com seu reflexo... como se por trás não houvesse outra natureza, outro ser, outras dimensões capazes de se desintegrarem com tantas investidas...
E é por isso tudo, que estas palavras são somente minhas (e de mais ninguém), que me dou ao luxo de ter tudo o que mereço... de me achar ainda que tardiamente dentro das minhas próprias possibilidades (...)
(de dentro do casulo, reino sobre as minhas coisas...)
me estabaleço longe da luz
pois meus contrapontos, já os sei...
e o que queima minha retina
faz o mundo ser o que é
move em lentidão o tédio
tortura-me com gosto
até nada mais de mim restar
os versos que aqui pulsam
crescem com o hálito quente
na língua da víbora
repudiações lacerantes
frente aos meus estratos desconhecidos
meus pequenos gemidos
olho-me de dentro:
estalactites... permanência
E há sempre revolução em mim...
lá fora, jazem as flores,
amassadas pela chuva
na passagem do que não me serve...
Imagem: "O abismo ao ouvir a chuva" - por Ricardo Paula
Olhos abaixo de mim,
a subir...
nas tensões que a carne quer
mira as marcas futuras, flutuantes
e mesmo assim estas desejas!
uma mancha solar respira
dentro do corpo domesticado
como se respirar tu mesmo pudestes,
do negro vão dos teus olhos verdes
ri e chora,
manso e revolto,
mas tudo entendes,
que o mundo não é fechado,
e as delícias não são só nossas...
Queima, antes, um pouco...
e antes começa a desabar,
como quem desabrocha,
realidade e vida pulsam
no desatar de tuas feições cotidianas
num mar de (desas) sossego
jardim efêmero
- segredo -
cordas nos suspendem dos céus
entrelaçam as almas "perdidas"
pernas
encontro
ressignificando a vida...
um sopro mais demorado de leveza...
teu beijo sorve a vida abaixo das entranhas / a alma estranha / cinza como um dia de outono / cura para todo o tempo / todos os momentos / todas as dores / afago em animal selvagem / tão fiel / dedos incautos dedicando / entre pântanos e memórias / como quem cavalga ao vento / e no mundo nada mais tivesse / perde o olhar em tormenta / tal como se a vida pudesse ser pensada / açoite / ódio e recomeço / vingança / amor... quando chove, vê-se fantasmas nos vitrais / uma força arrebenta o peito / pequena docilidade escondida / perdida / o vento grita lá fora / retorno / sinfonia solitária / minha tempestade / passagem / parte em mim imposta / eterno...
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Citação clichê, mas pertinente: "Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você".
Nietzsche
febre estrelada licor em fumaça veneno verde em mim vigília... vigio-me... no passo da noite dou-me e observo a boca sem voz urbana, insone - desassossego - ambiente carregado de ideas a fecundar ideias falta o corpo, cadê?
"O homem é o lobo do homem". (Thomas Hobbes)
*Esse blog completou um ano de existência neste setembro último. Muitos momentos foram aqui entalhados. Muitos, como considero hoje, de forma miseravelmente tosca. Outros, fiéis e reais. Algumas palavras faltaram. Agradeço a todas as pessoas que por aqui passaram, comentaram e, de uma forma ou de outra, deram-me o prazer de conhecê-las. (Hoje, desde janeiro de 2010, são 2.283 visitantes). No mais, sigo convosco para mais um ano, quem sabe! Assim espero! Obrigada!
(...) Nos olhos quase desatentos transfigura um mundo interno – pensamentos quentes e voláteis como a brisa que penetra o ambiente. Um pouco de alma, de sua própria alma transposta, carregam os pedaços silentes a serem picados entre os dedos seguros. Pedaços eternos que ela leva aos lábios com a calma e a delicadeza de um ritual, onde o corpo é a nave principal de um templo sagrado e o suco que lhe brota por entre os dentes profana e conjura ao mesmo tempo cada fibra de si – declinam-se as pálpebras para baixo, num ato de reverência.
Quando a espera já se faz carrasca, a fome alheia lhe cerca, infiltrando as mãos por entre o vestido e a pele fresca, fazendo-a estremecer enquanto a ponta da faca se aprofunda no dedo fino, trazendo consigo uma gota de dor, de vida, de pressa, de pulso...
(...)
O corpo sobre a mesa de madeira tem o gosto da solidão e da saudade da infância; de fruta e de chuva se fazem os lábios; do mar salgado, as lágrimas que se projetam posteriores ao pequeno corte. A boca é gelada e quente ao mesmo tempo - frio febril das flores almiscaradas que se abrem ao cair da noite no corpo, que se rompe quando os dedos traduzem anseios, içando roupas e falsos pudores. Nos seios, a suavidade cítrica das laranjas, doces e macias, tão traiçoeira como a sensação de quem olha para o céu claro em dia limpo e se perde. (...)
Das metades morrentes dos meus dias,
Palavras secas entre as páginas já viradas
Dentro de quem muda o tempo todo...
Áspero sopro nas paredes vazias
Sorriso engessado e pronto:
Palavra posta ao conforto dos teus olhos
Mais um fragmento de algum nada
Que me sufoca, me mata e que em mim vibra...
Mesmas notas ressonantes, mesmos dias
O curso nos meus pulsos segue igual
E de mim, os mesmos sentidos, as mesmas linhas
O retorno sempre eterno do mesmo final...
As mãos são levadas a boca para que, na necessidade de palavras, estas sejam contidas em estremecimentos internos e maior intensidade: o ar sai da boca com dificuldade e pensar, transformar o momento em qualquer coisa lógica, se torna uma tentativa insuportável.
É quase dia, quase uma nova manhã. Os raios frágeis de luz criam uma aura multicolorida em torno do corpo que lhe cobre e lhe impulsiona em direção as suas profundezas, que buscam emergir de si em transbordamento. A pele queima, a vida queima, e tudo renasce mais uma vez.
(...)
Seu lar é uma grande caixa de concreto propositalmente decorada para que não se pareça tanto com uma caixa. Há frio por onde os olhos correm. Há frio nas horas poucas apontadas pelo relógio. Pássaros começam a gritar do lado de fora. Queria se fundir com a textura fina e macia dos lençóis, com a brancura pura do cobertor – nem que seja por mais cinco minutos. Mas o mundo grita lá fora e os pássaros gritam em coro com o mundo. Não basta querer permanecer ali: os músculos se contorcem, o estômago gira e uma sensação ultimamente comum lhe preenche a alma. Projeta-se medo? Como tudo poderia ser diferente?
(...)
A chuva cai e o corpo curva-se, como se a pele esperasse pela água que pinga irremediavelmente dos céus, como se palavras e sentimentos banhassem seus movimentos. A fome por dançar cresce. Faz ofegar o corpo e desnorteia os sentidos. Nada é estático, tudo deixa de ser destino. Num ato sustentador deste momento, cerra os olhos e abre os braços para que nenhuma gota deixe de ser absorvida pela entrega. E a chuva corre em seu corpo em busca de uma paragem, do curto momento em que também vira corpo para se esvair na terra vermelha, no cheiro do pó fecundo. E, com o peito aberto para o horizonte, livra-se dos pensamentos, do passado, da exigência com o futuro... livra-se até mesmo de si na vivência plena de si, e vira multidão – de sentimentos e movimentos confusos; rodopia no turbilhão envolvente de possibilidades.
O corpo cai sob o céu e funde-se com o calor da terra. Na boca, um novo gosto, nos lábios uma nova cor. Os cabelos rebeldes gotejam, enquanto o ar lhe toma os pulmões. O que supostamente parece solidão tem um sabor liberto e transcendente (...)
quero ser o risco, espasmos entre tuas mãos e o nada caminhos volúveis das pequenas ausências entre meus pedaços e tua língua... Inventa-me! como uma penumbra própria de ti mesmo... no gosto inconstante do que em ti escrevo quando queres ser lido, quando tateias meus contornos em tuas próprias sendas...
tu, que nos verões bate a minha porta faz meus tempos, meus verdes momentos fruta esperada... na concavidade de olhos trêmulos criam-se palavras... nímios sons, bocas famintas, píncaros só teus...
tu, amadureces a luz flamejante que faz meu corpo querer ser dança é só movimento a desfazer espaços... estalar qualquer coisa nova em hipertelia dentro de mim...
tu, descobres os silêncios internos diz, com o corpo, quem deixas escapar ao meu gosto, te provo na língua, dissolves formas... no mundo, estranhamento...
tu, vento cortante! um corpo sobre a terra, - outro corpo, se dobra e lê murmúrios de mais querer, faz, então, chover: busca amparo na tempestade! busca sentido no meu silêncio! (...) é vida novamente...
é momento em que a chuva negra liberta de mim a noite; e vejo de volta a necessidade de se fazer dia em mim - o dia, um espantalho que me sorri na xícara fumegante... de ideias, nem tão profundas, sem palavras, sem sentido... como se a noite fosse uma promessa de novas linhas interiores - minhas próprias juras à sombra de mim - sempre noturna, sou um mosaico dourado...
sempre razão (?) - mais horas que lembranças, mais conflitos - nesta ilha segura, os eventos se estendem à nova aurora molhada; enquanto espero mais um ansioso dia que me ligue ao mundo com teias sempre finas, translúcidas... e os meus nós não quero mais ter que justificar, só quero viver... enlaçada por coisas livres...
Un vânt răzleţ îşi şterge lacrimile reci pe geamuri.
Plouă.
Tristeţi nedesluşite-mi vin, dar toată durerea,
ce-o simt n-o simt în mine,
în inimă,
în piept,
ci-n picurii de ploaie care curg.
Şi altoită pe fiinţa mea imensa lume
cu toamna şi cu seara ei
mă doare ca o rană.
Spre munţi trec nori cu ugerele pline.
Şi plouă.
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MELANCOLIA Um vento só seca suas lágrimas frias
nas janelas. Chove.
Tristezas vagas me assolam, porém toda
a dor,
que sinto, não sinto, em mim,
no coração,
no peito,
mas sim nas gotas de chuva que escorrem.
E enxertado com minha vida o mundo imenso
com seu outono e sua noite
dói em mim como uma chaga.
Para os montes passam nuvens com úberes
[ cheios.
E chove.
caos sempre límpido no relógio, os calos latejantes das horas, dados os ponteiros à inflexibilidade há um tempo sem nada a memorizar olhos que sempre buscam uma fenda oblíqua entre números congelados na parede como se não houvesse chance alguma de viver mas é plena ilusão, a hora: nidificando confusões reais em gotas efêmeras do tempo...
(...) se vivo uma insatisfação, um jamais satisfazer-me - que me compõe um movimento de sempre ir um pouco mais além - não tenho também por obrigatoriedade satisfazer ninguém: quer seja com ideias sempre concluídas, seja com conceitos reconhecíveis, seja criando um ninho de elos seguros que reconfortam seus pensamentos e desejo... as palavras galopam ao sabor do vento: independentes de seu uso, independentes dos sentidos ou da capacidade de compreensão de quem aqui lê...
"Traça-se à arte limites muito estreitos, se exige que nela só se possa exprimir a alma ordenada, moralmente equilibrada.
Como nas artes plásticas, assim também na música e na poesia, há uma arte da alma feia, ao lado das belas almas; e os efeitos mais poderosos da arte - quebrar almas, mover pedras e transformar animais em homens - talvez tenha sido precisamente essa arte que mais os conseguiu."
eu peço mais um trago do seu cigarro, mais um gole, uma nova vida... eu peço paciência, boa vontade e esforço... peço que se vire sozinho, que não me ligue, que caia na noite sem mim... que dê comida ao cachorro... que cale a boca, que não me condene... que saia da minha cama... peço para fugir... peço para ser alguma coisa que ainda desconheço, mas que está dentro de mim... peço que me confidencie segredos... peço que se dispa... peço sua amizade... peço para apagar a luz... peço mais um gole disso aí... peço mais um gole... peço uma pergunta... peço uma resposta - e não rio de nada... rio de tudo... peço o último sopro, peço o esgotamento (o seu, é claro)... peço uma vida nova (já disse isso, não?!)... uma carona para onde você for... peço um lugar para dormir e esperar a chuva passar - qualquer canto serve... peço que leia esta porcaria... peço conselhos... peço um tiro na testa... peço para ganhar só dessa vez... peço uma nova rodada do seu jogo... peço minhas coisas de volta... peço que se foda... peço que não me interrompa... peço sinceridade... peço para não parar e não parar e não parar... peço mais uma dança... peço mais uma dose dessas coisas tão transparentes com gelo e limão... peço um minuto de silêncio... peço esclarecimentos... peço para me desamarrar - pois a brincadeira acabou... peço para me escutar... peço para me dizer... peço uma aspirina ou algo mais forte... um copo de água... um pouco de caos... um futuro... peço fogo - ninguém tem... peço para acabar logo... ou para acabar jamais... peço que volte... mando você ir... peço o troco... ou tudo ou nada... peço com um grito agudo sua voz grave dentro de mim... peço demissão... peço um beijo... peço mais um trago... peço que não se aproxime... peço aos céus um dia de chuva e um de folga... peço que não me abandone... peço que você não me procure... peço licença ao entrar... nem bato na porta... peço para não ter que sorrir, para que não falem de mim... peço calma quando não tenho... peço sanidade... peço uma vida nova... um tapa... um tempo... outro tapa... tudo o que peço passo a deixar de pedir...
*e não costumo pedir tanto, mas esta carência nos meus pedidos é, além de exortações, um ato de expurgação... lamento que não possa me pedir para parar de pedir... na verdade, não lamento nada...
a carcaça que me leva dias à frente dói como aquele desespero que nos toma de uma só vez - este monstro de fuligens que nossas narinas e boca cobre com as mãos...
estas letras rastejam com a carcaça, como se ela arrastasse consigo grilhões de uma condenação - num cortejo barulhento, aos gritos do ferro ao chão...
a carcaça às vezes oprime seu conteúdo, faz valer-se mais que o ser que lhe fundamenta, que lhe dá sentido - como se fosse oca, move-se, galopando desordenadamente nos movimentos repetitivos do acaso...
no gatilho da vida, a ameaça é a própria vida - não a que concebemos, mas a vida fora da vida, fora de nós... há um cano diário apontado para o nosso nariz nos impelindo a viver, assim que acordamos... de quem é este dedo que puxa o gatilho?
Sobre os meus (não meros) personagens: uma análise de criação
F. é uma mescla de duas realidades: uma sempre futura e distante, a outra, passada e intransponível. Todas reais, mas imaginadas. E a força de sua pele domestica minha alma diariamente, pois meu corpo todo e minha mente são estampados por suas palavras, pelos seus anseios, pelo seu canto de ausência e de encontro.
Eu, como também uma (não mera) personagem, sou o ponto de impacto de F., o momento em que as coisas surgem e o espaço em que elas podem viver. Às vezes sou seu contraponto, mas posso ser também o ambiente em que F. reina e se funde, ou mesmo a extensão de si e de seus atos. Posso me permitir sem aceitar julgamentos.
F. vive uma vida normal – diferente de mim. Mas possui igualmente uma vida oculta - vive a sua sanidade dentro de um espaço apropriado para ela e a loucura deixa vir nestes momentos de solitude. Estou, por vezes, na sua solitude. F. quer sempre fugir para uma destas esferas. Eu vejo seus passos com atenção e certo sadismo, confesso. Mas o compreendo inteiramente. Apesar de não participar de sua cortesia polida e socializada, tenho F. em todo o resto. Ele gosta dos holofotes, do brilho, da bebida paga, do cortejo de corpos, dos títulos, bem como parece se esquivar para um momento onde a fera que há em si precisa sucumbir e retornar. Há, sim, timidez em F. – o que o faz ainda mais interessante.
Dentro de F. há uma fera - antes que eu esqueça de me aprofundar – dentro de todos nós, afinal! E me aproximo da fera que F. é durante as tempestades noturnas que carrega em sua alma. Vivemos a fuga dele e o meu sempre retorno de mim. Alongamos os corpos num mar de palavras, de imagens, de sussurros, de mutações. Como o ópio, a fera de F. me faz queimar. Como a chuva compassada no seu rosto, o faço viver um pouco além de suas superfícies.
F. me tem nas mãos apenas nos momentos em que se subtrai do mundo comum. O seu comum eu observo com certa náusea. Há admiração de F. longe de mim e até dói quando o vejo (in) diferente, mas o aceito, porque o admiro. Lá, no “longe”, F. não é tangível. No “longe” talvez F. não me aceitasse – seriam apenas os sorrisos de sempre e nos manteríamos em águas rasas.
Mas há ainda as tardes quentes, há o ar puro travado dentro das vias nasais na ausência de amarras. Há estouros e bombardeios de ideias no gosto da saliva viva, nos dentes cravados nas várias partes do dorso, no frio da rocha abaixo de mim – que me escora em cada pulso vindos dele. Há seus olhos jamais calados e os significados disso tudo ofegados na altura do meu consentimento.
Se amo F.? Não sei ainda destas complexidades. Amo F. a minha maneira, eu acho. Amo seus braços, sua respiração, o cheiro da sua pele. Amo a ideia que me contamina. Amo seu gosto estrangeiro. Mas não penso sobre o amor: com F., eu vivo o que sou, o que ele é e o universo que compartilhamos. Ainda não penso se F. me ama – não me interessa ainda esta estranheza. Com F., vivo a criação e a criatura ao mesmo tempo, quando o criador me é internalizado – vivo a criatividade. F. me faz observar o que me atrai e sua ausência. É alguém que ainda me modifica sem querer me anular.
Ninguém leva a sério as palavras finais até elas deixarem de ser palavras e virarem outra realidade, virarem qualquer coisa que anteriormente já indicavam...
(...)
Daquela dor que havia antes em mim, daquele recortar contínuo de tudo o que tinha de bom, não sinto falta... pois não tinha consciência e vivência suficiente do processo de usurpação da minha alma, da tentativa de impotencializar-me, (...) hoje criei meus próprios processos multilatórios e regenerativos, sem precisar que alguém me roube o meu melhor e o meu pior para me fazer doer. Entendo também que doer faz sentido e possui um valor integrante, valor de contraponto, valor fundamental. Se ontem estirpavam de mim coisas sem me transformar em algo novo, hoje me despedaço propositalmente para entender o que sou e para viver – mesmo sabendo que o entendimento não é um fim – na verdade o entendimento nem é tanto assim...
"Só nos curamos de um sofrimento depois de o haver suportado até ao fim." (Marcel Proust)